sábado, 15 de setembro de 2018

Carta aos meus amigos católicos

Amigos queridos,

Peço perdão a cada um de vocês. Durante a infância, a adolescência e parte da vida adulta, eu, que sou filho e neto de protestantes, olhei para o catolicismo com desprezo. Muitas vezes atribuí as tragédias brasileiras à colonização conduzida por um país católico. Em outras, considerei que o verdadeiro cristianismo, esquecido ao longo de séculos, foi retomado com a Reforma e, desde então, vivenciado exclusivamente pelos herdeiros de Calvino e Lutero. Com muita frequência, imaginei que Deus, o Deus único e verdadeiro, Criador dos céus e da terra, tivesse relacionamento apenas com os que compartilhavam a minha experiência de fé, considerando todos os outros, e vocês em especial, como os que estavam separados de Deus, presos à idolatria e ao erro. Eu confesso tudo isso, meus amigos, e lhes peço perdão. Fui tolo, arrogante e presunçoso.

Agradeço a cada um de vocês e à tradição em que estão inseridos pela preservação dos ensinamentos de Cristo, pela coragem de levar o Evangelho a todas as regiões do mundo, e ao Brasil em especial, pela vida de tantos homens e mulheres que deram exemplos de fé e que escreveram textos tão preciosos, e pela capacidade, demonstrada ao longo dos séculos, e até os dias de hoje, de ter uma voz pública consistente e de utilizá-la para defender os valores eternos. 

Por fim, quero convidá-los a celebrar a nossa fé comum, explicada nas Escrituras, e resumida no Credo dos Apóstolos, reconhecendo as diferenças, amando uns aos outros, exortando uns aos outros, ensinando uns aos outros, aprendendo uns com os outros, e espalhando a mensagem da cruz, que é a única esperança num mundo perdido e doente.

Um comentário: