sábado, 5 de agosto de 2017

Cheguei muito cedo à estação e, quando descia as escadas, com toda a calma do mundo, pensei ter ouvido o barulho do metrô. De repente, uma pequena multidão de quatro ou cinco pessoas me ultrapassou a toda pressa. Com bolsas, mochilas e sacolas, eles corriam em desespero e venciam os degraus como se nem os pisassem. Não consigo explicar direito, mas alguma coisa se agitou dentro de mim. Tive a nítida sensação de que seria um derrotado se não os acompanhasse. Pareceu-me que era uma daquelas oportunidades que só acontece uma vez na vida. Então, corri o mais que pude. Quando a porta se fechou, vi que todos tinham conseguido entrar. Eu é que ainda estou aqui, na estação, ofegante, à espera do metrô que nunca chega.

(Lisboa, 30 de março de 2015)

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